Algumas coisas são difíceis de entender. Atualmente, notamos uma onda de campanhas para manchar a imagem das motos. Alguns falam que é um veículo voltado para o crime, outros que é muito perigoso e, recentemente, tem sido a vilã até quanto a poluição das cidades. Bom, é fácil ficar apenas criticando sem embasamento. A Motociclismo sempre lutou para que os motociclistas utilizem, cada vez mais, as motocicletas de maneira consciente e com equipamentos de proteção necessários. Utilizada de modo responsável, a moto é sim um meio de transporte que pode acabar com muitos problemas das cidades. Os congestionamentos geram perdas incalculáveis para o bolso e a saúde da sociedade. Uma estimativa realizada por Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas, aponta que, somente em 2008, a capital paulista perdeu R$ 33,5 bilhões com o trânsito lento. Com os números na mão, fica mais fácil argumentar, por isso realizamos nesta matéria especial cinco roteiros diferentes, de ida e volta, para contabilizar os gastos com automóveis e motos. Sempre fazendo os mesmos roteiros e horários, chegamos a um panorama de quanto se pode economizar de dinheiro, tempo e poluição do meio ambiente com as motocicletas. A nossa intenção não é mostrar os pontos negativos dos carros, como muitos fazem com as motos, e sim, divulgar como a motocicleta pode ser útil para a sociedade a curto prazo. Confira os resultados e informações da matéria e tire suas próprias conclusões!
Menos efeito estufa
Apesar de, em muitos lugares, ser dito o contrário, recorremos a dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) para constatar o quanto polui cada veículo. Utilzamos como gás analisado o CO² (dióxido de carbono), responsável pelo efeito estufa. Este famoso fenômeno provoca o aquecimento global, que muitos estudiosos apontam como o principal perigo iminente para a sobrevivência da humanidade. De acordo com números publicados pelo Ibama, em 2008, a média de emissões dos automóveis produzidos no ano citado fica em: 185 g/km (flex abastecido com gasolina) e 187 g/km (flex abastecido com álcool) e 223 g/km nos automóveis movidos apenas à gasolina. O mesmo levantamento separa as motos em três divisões: motor até 150 cm³ emite 53,40 g/km de CO², motor acima de 150 cm³ expele 74,30 g/km de dióxido de carbono, enquanto as motos acima ou igual a 501 cm³ têm médias de 129 g/km de CO² jogados na atmosfera. Desse modo, como a frota até 150 cm³ é a principal do Brasil, na maioria dos casos, as motos emitem cerca de 28,5% do CO² expelido pelos carros. Para se ter uma ideia mais real dos efeitos disso, em relação ao consumo de combustível, gasto de dinheiro e emissões de gases na atmosfera acompanhe as tabelas.
Moto, ainda mais "verde"
Apesar de não haver contradições quanto à quantidade de CO² emitida pelas motos ser menor que a dos carros, ainda há muita informação desencontrada a respeito dos gases prejudiciais à saúde, como o CO (mo nóxido de carbono), HC (hidrocarbonetos) e NOX (óxido de nitrogênio). Há algum tempo, as motocicletas não tinham nenhuma regra específica sobre o assunto, assim, apenas a partir de 2003, teve início o Promot (Programa de Controle do Ar por Motociclos e Veículos Similares). Em 2009, chegamos à 3ª fase do programa, equiparando-se às normas vigentes na Europa (Euro III). Com isso, os níveis de gases tóxicos emitidos pelas motos são quase idênticos aos dos carros, por exemplo, tanto automóveis como motocicletas 0 km têm de emitir, no máximo, 2.0 g/km de CO para obterem a homologação. Com a venda anual de quase 2 000 000 novas motocicletas, todas já enquadradas no Promot3, a renovação da frota está ocorrendo muito rapidamente e as motos com os antigos índices já estão deixando de circular pelas ruas.
Incentivo ao uso
Ao contrário do que ocorre no Brasil, muitos países do exterior, principalmente na Europa, já notaram os diversos benefícios do uso da motocicleta. Desse modo, estão sendo criadas maneiras de incentivar o seu uso. Uma das mais recentes já está em vigor lugares como Espanha, França e Portugal. Nesses locais foi criada a equivalência B-A1, que significa a liberação das pessoas habilitadas em automóveis a poderem andar com motos até 125 cm³ pelas ruas. A medida já está fazendo efeito e muitos estão trocando os automóveis pelas motocicletas, desafogando o trânsito e causando menos impacto ao meio ambiente. Para uma cidade tão importante e caótica como São Paulo, onde cada carro transporta, em média, 1,37 passageiros (fonte: CET - Companhia de Engenharia de Tráfego), a troca por motocicletas daria maior fluidez ao trânsito.
Entre outros incentivos aos motociclistas, está a abertura das faixas de ônibus para as motos também. Essa medida foi adotada há pouco tempo, em Londres, na Inglaterra. Também na Espanha, as autoridades de Madrid e Barcelona estão inserindo espaços reservados para as motocicletas antes dos semáforos. Desse modo, os motociclistas podem ficar posicionados à frente dos carros e, quando o farol abrir, sair de maneira muito mais segura.
Autoridades na contramão
Nossa intenção, ao mostrar todos esses benefícios das motocicletas é uma resposta às censuras que as autoridades querem fazer ao veículo. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, pretende proibir as motos em parte da avenida 23 de Maio e na via expressa da Marginal Tietê, o que acreditamos ser uma decisão arbitrária e sem justificativas. O correto seria buscar meios, como é feito na Europa, de incentivar o uso das motocicletas e garantir a segurança do usuário. Todo meio de transporte tem a sua importância e são essenciais para o bom funcionamento da sociedade. Os caminhões garantem o transporte de cargas, os automóveis proporcionam um transporte confortável e não há como negar seu valor. E assim também são os ônibus, metrôs, trens e etc. Por isso, vale ressaltar também a importância da moto e como pode ser um dos meios de se transportar com mais inteligência, principalmente, com o transporte público deixando tanto a desejar. Para terminar, é muito importante dizer que, além de todos os benefícios que mostramos, andar de motocicleta é uma verdadeira terapia e paixão
Fonte: Motociclismo Online
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